quinta-feira, 16 de setembro de 2010

“MANIA” OU COMPULSÃO?!

       O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um transtorno bastante comum, com prevalência em torno de 2,5% na população, ou seja, uma em cada 40 pessoas apresenta a doença, ao longo da vida. Em geral acomete pessoas jovens, no final da adolescência, sendo comum iniciar na infância. Entre adultos, a incidência é levemente superior em mulheres.É caracterizado pela persistência e recorrência de obsessões (pensamentos, palavras, frases, cenas ou impulsos, considerados impróprios ou inaceitáveis) que invadem a consciência do indivíduo, causando medo e desconforto.
     O indivíduo que experimenta essa condição tenta ignorar, suprimir ou neutralizar as obsessões, através de compulsões ou rituais (atos estereotipados e repetitivos), que em geral ocupam parte significativa do seu tempo, interferindo na rotina diária, em diferentes contextos de sua vida. As obsessões mais comuns são as ligadas à sujeira, contaminação, as de simetria e armazenagem de objetos, assim como os pensamentos de conteúdo mágico, agressivo e sexual. Numa tentativa de neutralizar as obsessões, o indivíduo desenvolve rituais como compulsões por lavagens excessivas, verificações ou repetições (verificar várias vezes se realmente trancou a porta, fechou o gás, a torneira, etc), alinhar e colecionar objetos inúteis, contar, repetir palavras, frases, movimentos, etc.       
     Esses comportamentos têm o objetivo de prevenir, reduzir ou abrandar o desconforto gerado pela idéia obsessiva, por alguma situação temida ou, ainda, aliviar a ansiedade gerada por determinada situação.
     Como os comportamentos compulsivos tendem a ser repetitivos e contínuos, muitas vezes eles acontecem automaticamente, podendo o sujeito reservar um tempo expressivo para tais realizações, comprometendo de forma importante, o trabalho, a vida social, familiar e afetiva.
       Os indivíduos portadores desse transtorno revelam intenso sofrimento, pois sentem angústia e ansiedade na impossibilidade de realizar a atividade compulsiva, desenvolvendo uma “dependência” da efetivação dessas atitudes, como alívio de sua aflição. Em casos mais sérios observa-se prejuízo significativo em diferentes áreas da vida, tais como declínio da qualidade dos relacionamentos afetivos, insuficiente desempenho acadêmico, perda de vínculos sociais e profissionais. Esses danos na vida pessoal e social do sujeito podem ocorrer, entre outras razões, pelo tempo, cada vez maior que a pessoa ocupa fazendo os "rituais", chegando a níveis insustentáveis, quando começam as faltas a escola, trabalho, atrasos nos compromissos, etc.
       O tratamento adequado requer avaliação psiquiátrica, havendo, na maioria dos casos, necessidade de medicação, a fim de minimizar os sintomas, bem como a terapia, visando o treino de novos comportamentos, mais espontâneos e menos estereotipados.              
       Pessoas que possuem na família, pacientes com o transtorno, tendem a se adequar ao que, no senso comum, denominamos “manias”, entretanto nos casos mais severos, essas ações desorganizam a vida familiar e nos distanciam da possibilidade maior, durante nossa existência: ser felizes e mais satisfeitos com quem somos!!!
           

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

QUEM É ESSE NO ESPELHO?!

           Vida de gente grande não é fácil! Mas...quem foi que disse que tem que ser fácil para haver proveito, aprendizado e gosto?! Ouvimos com freqüência a frase “o que é bom custa caro” e penso que essa máxima pode se aplicar também as conquistas imateriais da vida! Porém o custo, neste caso, tem a ver com o tanto de esforço e comprometimento envolvidos no processo de busca daquilo que planejamos obter e ser como pessoas...
        Sem, nem por um momento desmerecer as conquistas materiais, tão gratificantes e necessárias também, discuto aqui as conquistas íntimas, pessoais de cada um...aquelas “aquisições” que nunca mais nos permitirão voltar a ser os mesmos de antes... Após a delícia de ser criança, experimentada na infância e a turbulência vivenciada quando se é adolescente, encaramos a difícil fase do jovem adulto que é tão cobrado! Estás trabalhando? Casado? Tens filhos? Só um menino? Ah, então vão atrás da menina...e por aí vai...incessante listagem de “critérios” que a vida nos impõe e que se não obedecemos a estes padrões, estamos à margem e podemos nos sentir sós...
         Parece que o alívio vem mesmo com a maturidade...tão doce quanto a infância, com sofrimentos, como a adolescência e as mesmas cobranças do jovem adulto, mas com diferentes recursos e instrumentos internos para lidar com as cartas “ruins” que a vida nos apresenta! E isso faz toda a diferença! Ah, se faz...Na maturidade as “gavetas” internas daquele roupeiro bagunçado se acomodam...os valores se consolidam e não tememos ser quem nós somos...se tivermos, claro, consciência de quem somos!!!
        Percebe-se que grande parte das pessoas adota “personagens” no desempenho de seus papéis e em determinados momentos de sua história entram em conflito, pelos “atrapalhos” em que vivem, pela desordem que experimentam ou pela ruína em que transformam suas vidas, pura e simplesmente porque se desconhecem! O processo de autoconhecimento realmente não é fácil, nem simples...requer atitude, persistência, dedicação e principalmente coragem! Temos que estar dispostos a enfrentar nossos “fantasmas” que, embora possam parecer, num primeiro momento assustadores, na verdade não o são tanto assim...pois se nos pertencem, vivem no nosso mundo interno, não podem ser maiores do que nós mesmos!
       Não importa o momento em que nos disponibilizamos a isso...o que importa é que quando decidimos que vamos nos “apresentar” a nós mesmos, é o exato momento em que isso deve ser feito...nem antes, nem depois...é agora! Quando desejamos nos conhecer é que é a hora certa!!! Os caminhos escolhidos para tal são particulares de cada um...tem a ver com suas crenças, com a disponibilidade emocional, financeira,com a influência do meio em que vivemos, etc...não importa se é num centro budista, na biodanza, através de livros e debates, na terapia ou em outras formas que o indivíduo escolher para vivenciar este processo. O que é realmente importante é que o faça! E o faça verdadeiramente...
      Os ganhos são imensos! Deixamos de ser reféns dos nossos sentimentos e emoções, nos apropriamos de nós mesmos, desenvolvemos segurança e originalidade nas nossas atitudes, estabelecemos um parâmetro interno, além de experimentarmos genuína satisfação por conhecer profundamente essa pessoa com a qual convivemos vinte e quatro horas por dia! Nós mesmos!
     Cuide dela, da sua companhia permanente e inseparável, escute sua voz interna, conheça e respeite os seus sentimentos, valorize suas conquistas íntimas e experimente a delícia (e as dores também) de saber quem você é! Não vai passar a vida alheio de si mesmo e tomar um susto ao olhar-se e pensar... Quem é esse no espelho?! Vai?!