quinta-feira, 18 de agosto de 2011

DEPRESSÃO EM CRIANÇAS... ELA EXISTE! A BUSCA DA SAÚDE...TAMBÉM!



            Pouco se fala sobre depressão em crianças. Talvez exista a errônea crença de que essa patologia atinge apenas a população adulta, ou porque os sintomas em crianças são menos evidentes, ou ainda, porque nossos “medos” e preconceitos nos impedem de, verdadeiramente, encarar o óbvio! Nossas crianças também se deprimem!
            Distinguir os sintomas pode ser mais difícil na infância, pois uma criança normalmente terá dificuldades para reconhecer, nomear e expressar seus sentimentos.
Crianças pré-escolares, quando deprimidas, podem apresentar, entre outros sintomas, falhas em adquirir peso esperado para a idade, fisionomia triste, irritação, redução do apetite, agitação psicomotora ou hiperatividade, insônia, acompanhada de ansiedade, estereotipias e agressividade contra si mesma ou com os outros.
            Essas crianças já manifestam claramente anedonia (incapacidade de sentir prazer), com perda de iniciativa para as brincadeiras e desinteresse em atividades e jogos que antes apreciavam. Sentem-se entediadas e, neste período, relatam que não sabem “do que brincar”. As queixas vagas de dor de cabeça, dor muscular e abdominal são freqüentes e constituem uma das características de manifestações de angústia e sofrimento emocional, nessa faixa etária.
            Em idade escolar, apresentam sintomas como irritabilidade, apatia e instabilidade emocional. Algumas crianças não demonstram reação aos estímulos, tanto positivos, quanto negativos e a abstenção ou desinteresse pelas atividades extracurriculares, isolamento social ou familiar voluntário, são sintomas que também podem estar presentes.
            Nesta fase do desenvolvimento, a lentidão de movimentos, as falas de desesperança e com voz monótona, podem fazer parte do quadro depressivo, entretanto a agitação psicomotora e hiperatividade, com precário controle de impulsos, são freqüentes, devido à intensa ansiedade que esse “estado” desperta.
            Crianças deprimidas comumente têm baixa auto-estima, falando de si mesmas em termos negativos: “sou ruim mesmo”, “sou idiota”, “ninguém se preocupa comigo” e pode haver um sentimento de culpa exagerado, manifestando que acredita que tudo está errado por sua existência e que deve ser punida.
            A perda de apetite ou o ganho de peso estão entre os sintomas do transtorno, assim como relatos de pesadelos e/ou insônias acompanhadas de ansiedade. O declínio no desempenho escolar pode ocorrer, pois há o aumento da distraibilidade e prejuízos na atenção, concentração e memorização.
            O atendimento a essa criança que está em significativo sofrimento deverá também abordar a família, nem sempre consciente da dor que ela experimenta. Percebe-se uma cultura do “é manha”, “não liga que passa”, enquanto a criança realmente sofre. Daí a necessidade da família ter conhecimento e ser sensibilizada sobre as causas e sintomas da depressão infantil.
            A abordagem ao paciente deverá ser no sentido de minimizar os efeitos desse desconforto e potencializar os recursos internos de que dispõe, para que retome a vida saudável que, anteriormente tinha. Para tal, é imprescindível que o terapeuta tenha profundo conhecimento do desenvolvimento infantil e empatia com o seu cliente, afinal se não “conectarmos” com o mundo de quem atendemos, não ocorrerá o encontro e não será possível, dessa forma, a busca da saúde...é simples "cumprimento de protocolo" e não entrega verdadeira àquilo a que nos propromos...
              O profissional que está com a vida de um "pequenino" nas mãos tem ainda maior responsabilidade pelo que está fazendo, porque  somos cuidadores de alguém que, com saúde já não pode se defender de um adulto...e agora temos para cuidar alguém que está frágil e confiado a nossa competência para resgatar sua capacidade de enfrentar o mundo que o cerca...

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