domingo, 6 de fevereiro de 2011

A CRIANÇA QUE CONSTRUÍMOS HOJE SERÁ O ADULTO SAUDÁVEL DE AMANHÃ... OU NÃO?!

            Há muito se ouve falar da imensa responsabilidade que os pais possuem na educação e construção dos seus filhos, entretanto me questiono se sabemos de que responsabilidades estamos falando?

            Responsabilidade por prover recursos básicos, necessários ao desenvolvimento dos filhos: acesso à escola, saúde, vestuário, alimentação adequada, descanso, lazer, sem dúvida que sim! Respeitadas essas tarefas, certamente estaremos desempenhando, com êxito nosso papel! Porém...existem outras responsabilidades, tão sérias, quanto as que citamos que, se não cumpridas, poderão resultar em prejuízos importantes no desenvolvimento de nossos rebentos.

            As responsabilidades a que me refiro têm a ver com a possibilidade de criar um ambiente familiar saudável, manter um diálogo aberto com os filhos, buscar coerência entre nossas opiniões e ações (nem sempre muito fácil de colocar em prática!), prover segurança emocional, apoio nos momentos de conflitos intra ou interpessoais. Também fornecer orientação adequada e solidificar nos pequenos gestos, os valores que elencamos como base para nossas vidas, além, é claro, de mostrar (na prática) o que é respeito e ética.

            Quando pensamos pais, leia-se também “pais sociais”, os professores, diretores, governantes, do mesmo modo, responsáveis pela construção de nossos filhos!

            Temos obtido sucesso nessa tarefa? Estamos conscientes de que a criança desenvolverá e solidificará a conduta que assiste na atualidade, no seu futuro?

            Quando, aos berros, gritamos com nosso filho, para que ele pare de fazer barulho (brincando,jogando) estamos mostrando coerência ou passando a dupla mensagem de que, por algum motivo, seu barulho, não pode ser tolerado, mas nossos gritos, sim!?

            Ao percebemos que o caixa do supermercado se enganou no troco, e pensamos que isso “é responsabilidade dele, deveria ter sido mais atento”, ao não devolver o valor que excedeu, estamos mostrando aos nossos filhos que se pode “passar a perna” nos menos cuidadosos e que isso é correto?!

            O modelo que temos sido é um exemplo que nos orgulha e dignifica, ou nos enxovalha neste papel?

            Os  pais se veem perplexos porque os filhos são altamente manipuladores, não  mantêm seus compromissos, se mostram verdadeiramente desesperados com essa conduta "desviante" de seus adolescentes...entretanto, estes mesmos pais, muitas vezes, não pagam suas contas, não cumprem com suas palavras, não têm portanto, uma conduta coerente!!! Não estamos falando exatamente do mesmo tipo de comportamento?! Como posso esperar que o meu filho não manipule com exímio professor disponível 24 horas por dia?!

            É certo que não existem fórmulas prontas. Isso pode ser um “entrave”, mas não um impedimento para que aceitemos e encaremos com seriedade, nossa função de pais. Pode-se buscar orientação na leitura, com amigos que parecem conduzir bem estes papéis, profissionais capazes de realizar essa tarefa, familiares, etc.

            Porém, o primeiro e principal dever é o de questionarmos se quem somos e o caráter que temos possibilita que nossas crianças conheçam, concretamente, a consideração pelo outro, o respeito pelo espaço deste, pelas idéias que divergem? Ou ensinamos que devemos “atacar” quem não comunga de nossos ideais?

            Nossas atitudes mostram, verdadeiramente, que ética é algo que se pratica na interação com o outro? Sabemos que relacionar-se e conquistar respeito, por quem somos parte desse princípio? Ou não?!

            Tarefa, inquestionavelmente, difícil, mas possível... Bastante possível. Diria que o começo somos nós, o exemplo, a maneira com que estamos conduzindo nosso maior presente, que é a vida!

            E se quisermos verificar se estamos sendo exitosos nessa função, basta olhar, atentamente, às atitudes daqueles que criamos... Não serão semelhantes as de pessoas com as quais não convivem, são semelhantes as nossas!!! Lidemos agora com isso, de maneira orgulhosa, ou não, a escolha é nossa!


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