quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

            Há algum tempo atrás denominávamos “vício” o comportamento repetitivo, caracterizado pelo consumo de determinada substância. Hoje sabemos, claramente, que o que era chamado “vício” é uma das doenças que leva inúmeras pessoas a ocupar vagas em clínicas particulares especializadas ou nos leitos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa doença chama-se dependência química e nada tem a ver com o “hábito” ou uso consciente, por parte do sujeito.A dependência química é um transtorno crônico caracterizado por três elementos principais: compulsão para busca e obtenção da droga, perda do controle em limitar o consumo e surgimento de estados emocionais negativos (ansiedade, irritabilidade) quando o acesso à droga é impossibilitado (abstinência).
         Determinadas condições constituem fatores de risco que podem predispor ao abuso das drogas. As culturais e sociais como permissividade social, disponibilidade da droga, extrema privação econômica, estão entre elas. Condições interpessoais como, por exemplo, famílias com condutas relacionadas a álcool e drogas, manejo familiar pobre e inconsistente, personalidade dos pais, abuso físico, conflitos familiares, ou em outros contextos, e associação com amigos usuários de drogas, também contribuem. Existem os fatores psicocomportamentais, como problemas de conduta precoces e persistentes, fracasso escolar, vínculo frágil com a escola, comprometimento ocupacional, personalidade anti-social, psicopatologias (TDAH, depressão, transtorno de conduta, ansiedade), atitudes favoráveis para com as drogas e inabilidade de esperar gratificação. Além destes, há os fatores bioenergéticos, tais como genealogia positiva para dependência química e vulnerabilidade psicofisiológica ao efeito das drogas, que também estabelecem condições de alto risco, para desenvolver a dependência. Fatores neurobiológicos são preponderantes para o desencadeamento e manutenção dos sintomas associados à dependência química.
          Ambiente estável, alto grau de motivação, forte vínculo pais-criança, supervisão parental e disciplina consistentes, ligações com instituições próprias e associação com amigos não usuários, podem de alguma maneira tornar o indivíduo menos suscetível à dependência química.Sabe-se que, quanto mais precoce o indivíduo tiver contato com álcool, por exemplo, maiores serão as chances de desenvolver uma dependência em relação a essa e/ou outras substâncias. Porém, percebe-se que, especialmente em comunidades onde o consumo de álcool está bastante associado ao status de ter “crescido”, pode tornar-se difícil, um adolescente, conseguir ponderar, sem apoio familiar, qual a melhor escolha. Dizer “sim” a uma sociedade que lhe impõe o consumo, como símbolo de “macheza”, é muitas vezes dizer “não” a saúde física e mental e a própria vida! E pode começar aí, um caminho verdadeiramente penoso de ser trilhado...
         Uma das importantes "estratégias" para tentar prevenir o abuso é buscarmos ser pais ou cuidadores presentes, construir possibilidades de diálogo e conceder liberdade para a exposição dos sentimentos, dúvidas e questionamentos. Tarefa nem sempre fácil, mas absolutamente necessária para prevenção do desenvolvimento do quadro de dependência química. Além disso, precisamos estar atentos as nossas atitudes como pais que podem desencadear uma série de comportamentos disfuncionais em nossos filhos. Vamos fazer uma revisão do nosso papel, como cuidadores?!Vale à pena refletir...e prevenir e valorizar o que é essencial, ao invés de esperarmos pelo “acidental”, muitas vezes, de difícil ou impossível conserto!!!

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